Confissões (isto é um diário, recordam-se?)
Hoje, a Joana Roque, cujos blogs há muito admiro, permitiu-se um registo mais pessoal assinalando os 7 anos do seu blog As Minhas Receitas ao anunciar a chegada de um bebé e ao partilhar as dificuldades vivenciadas que ficam fora dos textos. Há um boa dose de coragem nas suas palavras. No fundo, reservou a sua vida privada quando sentiu necessidade de o fazer e, na felicidade, não deixou de dizer que a mesma foi pautada por caminhos difíceis. E não é assim a vida?
Quando se lê algo assim, fica-se feliz pela notícia, mas a dobrar!
Por vezes sinto que há demasiada tentação em dourar a pílula, finais felizes, facilidades imediatas, sempre tudo imediato. Ao querer transmitir essa mensagem não estaremos (bloggers com responsabilidade acrescida) a minimizar as dificuldades vividas por quem nos lê e acarinha? Não nos colocaremos num patamar inatingível em que nos lêem: é óptimo mas eu não o conseguiria fazer.
Eu sempre senti uma grande necessidade de expôr os sucessos como os insucessos. Por exemplo, este mês de Maio está a ser particularmente difícil. Com efeito, passei uma boa parte do tempo a sentir-me "obrigada" a escrever e a fazer (tudo). Eu tentei transmitir essa falta de motivação, em especial no Destralhar. Porque, acima de tudo, não quero que me imaginem como um ser perfeitinho e cujas acções têm tanto de miraculoso como inatingível (confesso-me: só esta manhã arrumei a louça do jantar e cama ficou por fazer).
Esta coisa de poupar dá trabalho. Há dificuldades que nos custam ultrapassar, seja por falta de motivação para o fazer, como porque há obstáculos que são grandes, muito grandes.
Não considero que os meus blogs me obriguem a "revelar" todos os aspectos da minha vida privada. Essa reserva é importante e necessária para mim e para os meus. E há também algum pudor há mistura.
Por exemplo, ficaram de fora dois episódios importantes na minha vida recente (no último ano) que me levaram pela primeira e segunda vez a uma urgência de um hospital. E se foram momentos difíceis, também há que admitir que nem todas/os se podem "gabar" de, quase aos 40, terem ido pela 1ª vez a uma urgência hospitalar. De notar que não foi nada de grave, apenas uns sustos.
Foram momentos importantes, em só tive como preocupação a minha saúde. O fundo de emergência permitia-me não me preocupar com questões económicas (embora me custasse pagar alguns dos valores). O seguro contra todos os riscos em que "investi" durante 10 anos permitiu-me até abstrair-me das questões relacionadas com a falta de seguro do condutor que me embateu num acidente de viação. Foi um bom investimento.
Ter um fundo de emergência tem sido uma segura e constante fonte de tranquilidade. Mesmo este mês de Maio, particularmente difícil, em que os registos e contas foram abandonados é terminado com um sentido de dever cumprido. Estou a colher os frutos (na adversidade) de quase dois anos de trabalho a poupar e a melhorar os meus comportamentos.
Hoje, sinto que estou melhor do que estava há dois anos atrás. Acredito que com pequenos passos, mas constantes, só há lugar para melhorias. Porque na verdade, mesmo que sejam dados passos para trás, o importante é que o saldo seja positivo e que os saltos para a frente sejam sempre maiores ou em maior número.
Hoje, saí de casa com a cama por fazer e o resto num desalinho (passo atrás). Quando chegar, o objectivo é arrumá-la e deixá-la livre de obstáculos para as brincadeiras das crianças que a encherão (passo à frente). Os registos das minhas finanças pessoais de Maio estão incompletos (passo atrás), mas não deixarei que tal aconteça em Junho (passo à frente).
Não prometo que faça a cama ;)