Quem vive com pouco dinheiro, conhece bem a diferença entre querer, precisar e poder.
7:30, pequeno-almoço com folheto Lidl no canto do olho para a lista de compras:
revista Lidl €0.49
conjunto de furadores €12.99
conjunto estampar €5.98
conjunto trabalhos manuais €3.99
alicate furador e de colocar ilhós €5.99
ténis €11.99
puzzle princesas €3.99
calções ciclismo €8.99
Total: €54.41
E começa o diálogo interno:
é pá... isto é muito dinheiro
mas se comprar os furadores posso depois rentabilizar vendendo ou trocando alguns dos recortes na net
o alicate com aqueles ilhós catitas dava para embelezar roupas das miúdas
preciso mesmo de uns ténis
o puzzle fica tão barato e puzzle é sempre uma actividade muito pedagógica
se comprasse os calções começava a pegar na bicicleta... é desta.... mesmo
Quero? Sim, quero tudo.
Preciso? Só da revista, para o blog.
Posso? Sim, se pensar no imediato, no dinheiro que tenho na conta bancária. Não, se pensar no valor médio dos meus rendimentos mensais e nas despesas que terei no futuro.
Na verdade, tenho pensado que é muitas vezes no posso que me entalo em despesas desnecessárias: sei que quero, até sei que não preciso, mas concluo que posso porque tenho o dinheiro para gastar.
Mas ter o dinheiro para gastar agora não significa que o iremos ter para o "preciso" depois. Essa consciência foi adquirida. E ainda que tenha sido adquirida, sinto que tenho de a relembrar no dia a dia.
Cheguei à conclusão que o meu estado natural é de gastar.