Comunicação no local de trabalho
Há dias ouvia um podcast com uma entrevista a Justin Kerr, um autor de livros sobre liderança e produtividade no local de trabalho, do qual eu nunca tinha ouvido falar ou lido qualquer obra (fica a advertência).
Uma nota muito interessante é que o passatempo dele é ser apicultor.
Durante a entrevista ele fez uma defesa convincente de uma maior e melhor comunicação no local de trabalho.
Eu sempre trabalhei num pressuposto contrário, considerando-me uma barreira entre o meu superior e as tarefas, só comunicando com ele quando terminava a tarefa ou precisava de uma qualquer autorização.
Quanto menos lhe levasse, melhor era o meu trabalho. O meu objectivo é que ele nunca tivesse de lidar com o que passava por mim (mais eficiência = menos comunicação).
Mas Justin Kerr tem uma perspectiva oposta, mas muito convincente:
- comunicar mais, através de actualizações do estado das tarefas, acalma ansiedades (por exemplo, informar que estão no bom caminho para terminar algo dentro do prazo estabelecido);
- ao antecipar informações, evitam questões como "como está a correr?", que na verdade é um sinal de que a outra pessoa tem receio do decorrer dos trabalhos e que acha que poderão não terminar a tempo;
- implicitamente, a questão de um superior sobre o decurso dos trabalhos, acarreta uma perda de crédito porque também pode ser código para "se eu não te tivesse perguntado, tu não fazias";
- comunicar mais, através de actualizações, dá mais visibilidade ao vosso trabalho.
Para ser melhor no local de trabalho, o autor sugere mesmo que se duplique a comunicação com todos os co-trabalhadores (não apenas os superiores hierárquicos).
Eu fiquei tão impressionada com a entrevista que decidi implementar o sugerido, mas apenas com o meu superior.
Como ele ia estar fora algum tempo, em vez de o "apanhar" no gabinete para tratar dos pendentes, antecipei-me escrevendo um email com diversos tópicos pendentes, em que eu estava a trabalhar e que precisava de discutir com ele, pedindo-lhe um tempo livre para o efeito.
Não foi um email longo, apenas uma lista de tópicos para discutirmos.
Curiosamente, digo-vos já que houve um problema: eu fiquei à espera que ele me chamasse e ele ficou à espera que eu aparecesse.
Um problema que teria sido evitado se eu tivesse comunicado mais, dizendo que aguardava que ele me chamasse, quando ele estivesse livre (até porque, esta falha de comunicação já aconteceu antes).
Querem saber a melhor?
Depois de ter abandonado um projecto importante, há apenas um mês, por motivos familiares, ele (nessa mesma reunião) ofereceu-me um bónus (não monetário) para me agradecer o meu trabalho e porque não me podia pagar mais (é verdade, não pode, eu sei porque sou eu que faço as contas).
Eu não pude aceitar, mas juro-vos que a oferta, no momento em que foi feita, foi o melhor presente que poderia ter recebido.
Ele não sabe, mas a partir de agora vai receber mais emails da minha parte.