Espaços públicos vs. Espaços de consumo
Nos últimos tempos, à medida que mobilidade da minha mãe se foi agravando, eu passei (de forma quase exclusiva) o seu único "transporte" para o exterior. Ela sai de casa quando a levo.
E saímos para passeios de carro (quase sempre pelo norte do país), médicos, supermercados, centros comerciais e cafés. Mas sozinhas...
Recentemente, passei a levar a minha mãe a lanchar à confeitaria local, todos os domingos à tarde, porque sempre que íamos, ouvia "Pelo menos aqui vimos as pessoas...".
Cada vez mais, me tenho deparado com a ausência de espaço de convívio locais em zonas urbanas, que não estejam associados ao consumo.
As pessoas, para conviver, vão para um café, para um centro comercial... porque pouco mais há, se não estiver bom tempo... e mesmo com bom tempo, depende de onde se vive.
Não posso deixar de associar essa ausência de espaços de convívio público, a um sentimento de isolamento, mas também de pobreza.
Quem não tem dinheiro para consumir, acaba por ficar socialmente mais isolado?
É por isso que não tenho limite para a rubrica "restauração extra". Porque, na realidade, não é "restauração", mas vitaminas para uma saúde mental*.
*(a dela, porque eu fico muito melhor longe de humanos)