O sistema de envelopes - parte 1
Como referi num post anterior estou em fase de implementação de um sistema de envelopes. O sistema consiste na criação de "envelopes" (físicos ou meramente contabilísticos) onde se contabilizam as despesas efectuadas em cada categoria. No fundo, funciona como uma balancete: atribuem um saldo inicial, registam as saídas e contabilizam o saldo final.
O principal objectivo do sistema de orçamento com envelopes é, naturalmente, fixar um limite absoluto e facilmente identificável para determinada categoria de despesas - o dinheiro disponível é facilmente visível no envelope.
Uma versão mais pura do sistema implica que deixem os vossos cartões de débito em casa. Não, não estou preparada para isso.
As vantagens:
- A separação do dinheiro por categoria de despesa, em envelopes, é do mais intuitivo que pode haver para gerir um orçamento.
- Permite um melhor controlo dos valores já gastos/disponíveis e uma avaliação visual e imediata.
- O hábito de gastar em dinheiro, está provado, altera comportamentos de consumo e desincentiva as compras de impulso ("dói" mais pagar em dinheiro que com cartão.
- O processo de dividir o dinheiro por envelopes é MUITO divertido.
- Ver o valor como uma despesa "já paga" é muito motivador e encoraja a poupar o dinheiro no envelope.
As desvantagens:
- Implica um rigoroso controlo das despesas (ou em alternativa pedir talões/facturas de todas as despesas e colocar nos respectivos envelopes);
- A implementação de um sistema de envelopes físico implica andar com dinheiro, o que coloca questões de segurança;
- Andar com dinheiro separado por categorias, mesmo que poucas, não é nada prático. Até de difícil implementação, se considerarem quantidade de moedas.
- O facto de ser um sistema que, inicialmente, é mais laborioso, poderá desincentivar a sua utilização.
- Não é fácil arranjar dinheiro trocado para as diferentes quantias/categorias.
O sistema de envelopes é muito utilizado nos Estados Unidos e aí possui uma panóplia de carteiras com divisórias, envelopes para imprimir e até envelopes costurados com fechos para acomodar as moedas. (ex. Imagens Google). Eu utilizei uns banais envelopes de papel até perceber melhor como irei implementar o sistema - até imprimir seria um desperdício.
A primeira coisa que fiz foi decidir como seriam pagas as diferentes categorias:
1. Pagas por débito em conta corrente: gasolina, comunicações e obrigações fiscais.
2. Pagas por transferência para o fundo de emergência: despesas com automóvel (excepto a gasolina), poupanças.
3. Dinheiro: todas as remanescentes.
Depois, os envelopes propriamente ditos:
1. Na carteira:
- envelope com €20 [vai servir para pagar coisas dos envelopes que deixo em casa; o objectivo é não ter de andar com muito dinheiro; faço a compra e guardo o talão nesse envelope, chego a casa retiro e dinheiro do envelope respectivo e volto a ter os €20 na carteira; o envelope terá ainda um papel com o valor dos orçamentos]
- diversos casa/escritório [no máximo andarei com o equivalente a 2 meses; terá um segundo envelope em casa]
- saúde [apenas o equivalente a um mês; terá um segundo envelope em casa]
- miúdas [apenas o equivalente a um mês; terá um segundo envelope em casa]
- maluquices [apenas o equivalente a um mês; terá um segundo envelope em casa]
- restauração [apenas o equivalente a uma semana; terá um segundo envelope em casa]
- supermercado [apenas o equivalente a duas semanas; terá um segundo envelope em casa]
2. Em casa: aniversários/natal, vestuário, electricidade, material escolar/livros escolares, veterinário e os segundos envelopes, relativos às despesas acima indicadas.
E aqui começam as dificuldades. E se me aparecer uma promoção de um envelope que ficou em casa? Vou andar com tanto dinheiro? Como guardo as moedas?
Começo a achar que este sistema de envelopes funciona porque é tão chato (na hora de pagar) que a pessoa até desiste e opta por nem gastar nada.