Auto-compaixão e prosseguir objectivos
"What you know today can affect what you do tomorrow. But what you know today cannot affect what you did yesterday."
Condoleeza Rice
O que sabes hoje, pode afectar o que fazes amanhã. Mas o que fazes hoje não pode afectar o que fizeste ontem.
Be kind to the past versions of yourself that didn't know the things you know now.
@Yogismood
Sê gentil para com as versões passadas de ti próprio, que não sabiam as coisas que sabes hoje.
Quantas/os de nós, no balanço do ano a terminar, não ouviu um auto-discurso acusatório: és uma idiota, desperdiçaste aquele dinheiro, poderias ter poupado mais, gastaste nisto e naquilo, não aprendes, ...
Dizemos a nós próprias/os, aquilo que jamais diríamos a terceiros, a quem, geralmente concedemos compaixão: Tem calma, este ano vai correr melhor. Não te martirizes, o que passou, passou, é olhar para a frente...
Quando vemos alguém a sofrer porque cometeu um erro, reconhecemos a sua humanidade e tentamos consolar a pessoa.
A auto-compaixão é precisamente conceder-nos a mesma compaixão, "oferecendo bondade e compreensão para consigo mesmo, desejando o próprio bem-estar, assumindo uma atitude imparcial em relação às próprias inadequações e falhas, enquadrando a própria experiência à luz da experiência humana comum."
Estudos preliminares têm apontado para resultados positivos, indicando que a auto-compaixão oferece benefícios de saúde psicológica.
Porque o processo de auto-reflexão que a auto-compaixão implica, evita que tentemos distanciar-nos de sentimentos negativos e dessa forma funciona como um processo de auto-regulação emocional.
Mais, as evidências apontam para um impacto da existência (ou inexistência) de auto-compaixão nos processos de aprendizagem.
Nos processos de desenvolvimento pessoal, a auto-compaixão permite avaliar as situações como um momento de aprendizagem, em vez do enfoque nos sentimentos negativos de fracasso.
É muito diferente dizer: "tu és uma fracassada" de "tu cometeste erros e fracassaste".
Porque a primeira atitude amplifica os sentimentos negativos e de isolamento (o problema sou eu) e a segunda coloca o enfoque no comportamento e esse pode ser corrigido.
Se pensarmos nessas atitudes associadas à prossecução de objectivos, é fácil concluir que quem tenha maior auto-compaixão, tenderá a adoptar comportamentos positivos e pro-activos (de correcção do que correu mal), propensos a prosseguir com os seus objectivos, mesmo perante as dificuldades e erros, numa espécie de motivação intrínseca.
Em suma, auto-compaixão não é um sentimento de auto-piedade indulgente, mas uma verdadeira estratégia de motivação para prosseguirmos os nossos objectivos.
Referências:
(2003b). Self-Compassion: An alternative conceptualization of a healthy attitude toward oneself. Self and Identity, 2, 85-102. https://doi.org/10.1080/15298860309032