Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza
Diz o Pordata que o limiar do risco de pobreza é o "limite abaixo do qual se considera um rendimento baixo em comparação com o rendimento de outros residentes no país, não implicando necessariamente uma situação de pobreza."
Porém, há um dado que aponta, inequivocamente para uma situação de pobreza: a taxa de privação material severa.
Existe privação material severa quando existe uma "forte carência de pelo menos quatro dos nove itens de privação material na dimensão da «pressão económica e bens duradouros».
Os nove itens a considerar são:
1) atraso no pagamento de hipotecas ou pagamento de rendas, contas de serviços de utilidade pública, compras a prestações ou outros empréstimos;
2) capacidade para pagar uma semana anual de férias fora de casa;
3) capacidade para pagar uma refeição que inclua carne, frango, peixe (ou equivalente vegetariano) de dois em dois dias;
4) capacidade para enfrentar despesas financeiras inesperadas [quantia fixa correspondente ao limiar nacional mensal de risco de pobreza do ano prévio = €467 (2017)];
5) o agregado não pode pagar um telefone (incluindo telemóvel);
6) o agregado não pode pagar uma televisão a cores;
7) o agregado não pode pagar uma máquina de lavar;
8) o agregado não pode pagar um carro; e
9) capacidade do agregado para manter a casa adequadamente aquecida.
Os nove pontos (uns mais que outros) são uma interessante perspectiva para analisar as nossas finanças pessoais.
Por exemplo, o ponto 4 destacou-se por ser um excelente objectivo para um fundo de emergência.
Alguns números, de acordo com o Pordata, reportados ao ano de 2017:
Taxa de risco de pobreza após transferências (benefícios/subsídios) sociais: 17,3% da população. Essa percentagem sobe para 26,1% se se tratar de uma pessoa solteira, sem crianças. E se for um adulto com uma criança dependente, estamos a falar de 28,3% em risco de pobreza.
Finalmente, 31% dos agregados familiares com 2 adultos e pelo menos 3 crianças dependentes, estavam em risco de pobreza, em 2017.
Em 2018, 6% da população vivia com privação material severa. Mais de 600 mil pessoas.